O inverno parece ter chegado sem sequer perguntar se eu estava pronta para ele. Talvez eu nunca fique pronta para o inverno – nem mesmo com minhas lindas novas botas de couro ou meu casaquinho charmoso que comprei por uma fortuna.
Nada aliviaria o mau humor matinal que se agrava em contato com chuva.
A fome que aumenta, aumentando também os malditos quadris.
E o sono interminável que não vai embora nem com as espreguiçadas mais elásticas.
Aí você pensa que eu sou uma fresca incorrigível, porque eu moro no Rio de Janeiro e as baixas temperaturas às que me refiro, são pouco mais de 20 graus.
Mas aqui, isso é frio e se você me disser que em outros lugares, isso é verão, o máximo que você pode provocar em mim é pena. Pena pelas pessoas que não sentem a pele fritar ao sol e suor. Que não sabem o cheiro que as noites quentes têm e nem a incrível capacidade que o corpo ganha para se apaixonar.
Pena por não poderem ferver o sangue e equilibrar a temperatura com um mergulho no mar glacial do verão ipanêmico. E não saberem o alívio que uma chuva pesada de verão traz quando vem e, melhor ainda, quando vai – dez minutos depois.
Mas tudo isso, por enquanto, está encerrado.
Os tons de cinza cobrem a cidade sem cautela, enquanto nós passamos a cobrir os nossos corpos cada vez mais.
Nessas épocas, eu sinto saudade dos meus ombros e até me esqueço um pouco de como eles são embaixo de alças bem finas.
Espero que passe depressa.
Espero que as temperaturas não desçam a níveis imorais.
Espero que haja clemência, enquanto já espero por ele de novo: meu amado verão.
Um comentário:
Beijos paranaenses!!!!
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