Deixa de lado

Há tempos você está no meu lado. No meu lado trabalho, meu lado sete da manhã. Todo mundo tem vários lados. E várias vontades de ter alguém em todos esses lados. Alguém ao lado. Você estava ali há tempos. Em outro departamento, do outro lado.

A certeza que havia era o mesmo crachá. O mesmo crachá que trouxe os mesmos amigos e os mesmos chopes depois do mesmo expediente. E tinha mais gente, mais chope, mais um, dois, outro depois e assim foi.

Você veio ganhando outros dos meus lados; ao meu lado para voltar para casa, num restaurante, no Costa Brava, ao meu lado na cama, no fim de semana, bem aqui. Você viu meu lado boba, meu lado simples, meu lado short-camiseta-sem sutiã. Você ganhou meu lado só meu e agora aparece do meu lado até quando você não está – de tanto que eu desejo você estar. Porque esse meu lado também morre de saudades.

Agora, lá no lado trabalho, você continua. Na baia ao lado, meu lado do canto direito. Mas demos uns passos e você conquistou outros espaços: o lado de cima, eu por cima, de cabeça para baixo. Meu lado apaixonado e meu lado sem medo, segredo: meu lado esquerdo.