Agora, o que eu quero.

Com ele eu quero cabelos penteados. Eu quero pensar no futuro, quero Caetano baixinho no carro. Eu quero anel, Fantástico no domingo, fim de semana no sofá. Com ele eu quero filhos com nomes duplos, e o nome dele no final do meu. Quero drinques coloridos e femininos, enquanto sorrio discretamente e admiro suas impressões sobre a Logística Automotiva Internacional. E eu quero saber fritar ovo, com ele eu quero chegar na hora certa, quero oito copos de água por dia, sexo matinal e dez horas de trabalho para comprar uma geladeira. Eu quero transar de camisinha, usar brinco dourado, com ele eu quero, quero unhas feitas, calcinhas bonitas. Com ele eu quero beijo na bochecha antes de dormir, ser prudente com dinheiro, combinar bolsa e sapato, quero ‘sim’ num tapete vermelho, quero ser fiel, ser para sempre, ser dele, de coração aberto.

Mas eu quero mais. Quero suas mãos nos meus cabelos, me descabelando. Quero sexo no carro, na quarta, na escada. Quero gargalhar alto, tomar um porre, dançar junto, me declarar. Com ele eu quero perder a cabeça, a hora, o juízo. Quero me preocupar porque não acordamos, ficar feliz porque não dormimos, quero ir à Lua, quero beijo escondido, quero acordar de ressaca junto e tentar relembrar o que aconteceu na noite passada. Quero sair sem calcinha, virar puta, pura, por ele quero me perder, me prender, quero amor insano, de anos, quero 120 quilômetros por hora, agora, quero toda hora. Com ele quero rock n’ roll, mãos para o alto, quero ele pra mim, assim, incessantemente, loucamente, de pernas abertas.