segunda-feira, 25 de maio de 2009

Liberta, DJ!

Ela me liga e diz que ele ligou.
Que ele foi vê-la, que ele lhe deu um presente, que ele dormiu com ela.
Aí ela me liga feliz.

Feliz, porém sempre com uma insegurança de futuro, que sempre a faz repreender-se a si própria com palavras de dúvida e de desconfiança - intercaladas com as outras palavras, de felicidade.
Ela fica insegura porque do mesmo jeito que me liga feliz, ela também me liga com tristeza.
Ele não ligou, ele não foi, ele não veio. Ele sumiu, ele bebeu demais, ele me disse que não sabe se gosta, não sabe se quer, não sabe o que quer.
Aí ela me liga triste.

E num ciclo infinito, ela vai fazendo ligações, tristes-felizes, dependendo da música que ele tocar.

Como amiga, tento mostrar que cada um é o seu próprio DJ e é um erro enorme entregar a trilha sonora das nossas vidas para alguém. Principalmente alguém que pode tocar aquele sambão alegre num momento e, no outro, aquele sertanejo sofrido de dor-de-cotovelo.

Deve faltar coragem. Muita gente não tem coragem de tocar a própria música. E se ele não gostar? E se ele pedir a conta e for embora? E se ele não dançar? Para não correr o risco, ela fica na pista, se esforçando para fazer passos dificílimos e solitários, enquanto ele reina lá no alto, tocando apenas o que gosta.

Se ela, pelo menos, lembrasse que embaixo, onde ela está sozinha, ansiando para saber qual será a próxima música, há um monte de outras pessoas. Pessoas menos egoístas, mais tranqüilas, que não querem ser DJ da vida dos outros. Outras pessoas que entendem mais de relacionamentos e que não a deixariam dançar nem um passo sequer sozinha. Pessoas que a pegariam pela cintura com vontade e dançariam as músicas dela com prazer.
Alguém de verdade, com o mesmo ritmo. E que, caso não gostasse da sua música, até iria pedir a conta. Mas não iria embora sem ela. Nunca mais.

Um comentário:

Mariah disse...

Adorei.Brigadaaaa! Bjo