A falta da
conversa final pode ser um dos motivos. Sempre nos ensinaram que para terminar,
deveria haver uma conversa mesmo quando não houvesse mais nada a ser dito.
Mas você
nunca soube dessas coisas de relacionamento que sempre nos ensinaram, mesmo.
Todas as coisas que você fez, as boas e as ruins, me mostram isso o tempo todo.
Terminar
uma construção enorme dessas por mensagem é, no mínimo, covarde e confortável.
Talvez a
falta destas palavras ditas – que me viciam tanto quanto as escritas – tenham me
engasgado.
Ou a
tristeza é tão enorme que não encontra canal para extravasar. E na hora que
sair, será um jato potente que vai arrebentar toda a superfície, mais do que
deveria.
Tenho medo
disso acontecer e fico tentando puxar qualquer fio dessa minha tristeza para
tentar drená-la devagar e com mais segurança. Não consigo.
A tristeza
é enorme e mora dentro de mim, mas não sai. Eu não derramei uma lágrima.
A sensação
é de andar com uma bandeja que carrega cinco mil quinquilharias em uma torre
que vai até o céu. Equilibram-se os seus sorrisos que apertam os olhos, nossos
passos por Nova Iorque, a foto três por quatro que tiramos juntos na cabine
automática do shopping, as manhãs cobertas com seus beijos, e os mais pesados
pingos de futuro. Aquele futuro que não vai mais acontecer e me perturba, rangendo
entre as memórias que se empilham para cima e eu tento equilibrar para não deixar
nem um minuto cair. Porque se cair, desmorona e eu, talvez, não seja capaz de
me reerguer.
A estranha
falta do desespero, do choro, do descontrole talvez seja resultado de um
sentimento de alívio que, mesmo com culpa, não pode ser negado. Eu estou
aliviada por ter perdido você e isso se mistura com uma pena e um sentimento de
fracasso incabível. Mas eu estou aliviada porque eu já sabia que esse fim
chegaria e, pelo menos, agora sei que chegou de uma vez. Eu sabia porque muitas foram as
cenas que são distantes do amor que eu bordei para mim mesma. Porque eram cenas
com cores diferentes das quais eu realmente busco, das que tentei tanto te mostrar,
mas você nunca enxergou. Aí me alivia e eu não desespero como acho que deveria.
E me culpo e fico tentando buscar esse desespero em uma letra de música, um
sonho, esse texto aqui.
Por mais
machucada que esteja, não me resta muito mais. Todas, absolutamente todas as
certezas que eu tive e construí e preservei, caem impiedosamente sobre minha
cabeça. E, loucamente, eu sigo em frente. Com a falta da perspectiva, a falta do
teto, a falta de você e, perturbadoramente, a falta do choro.
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