A minha enorme cicatriz de queimadura de moto mal completou um ano e, na mesma perna, ganhei três novas marcas.
Me estabaquei segunda-feira de manhã.
Não, eu não estava de salto, nem bêbada – era segunda de manhã! Eu não torci o pé, não me desequilibrei, não pisei em falso. Eu simplesmente caí como quem resolve cair: pronto! É agora, se joga. E lá fui eu para o chão da Praça General Osório.
Um joelho roxo com três ralados.
Eu caio com frequência e por desconfiar que isso não é bom sinal, nem quero saber o que significa.
Quando eu era criança não era assim. Carrego pouquíssimas marcas desta época porque, ao contrário do que a maioria das meninas de hoje em dia fala: “eu era um verdadeiro moleque quando menor” – eu, não. Eu era uma princesa, cheia de frescura que não encarava nada que trouxesse o risco de machucar.
Mas a vida é foda.
Parece-me obrigação: há que ter marcas. Se não for na infância, vai cair na vida adulta. E dá-lhe encontro com o chão aos quase-trinta na cara de todo mundo.
Tanto, que acabei desenvolvendo um amor esquizofrênico e maternal com estas cicatrizes. Faço carinho, checo quase que diariamente para ver se está tudo bem, dou banho, coloco para pegar sol, mostro sem vergonha.
E assim vou aumentando minha coleção até o dia em que eu encher o saco e lançar um enorme girassol tatuado que cubra todas elas.
Um comentário:
Hahahahhaha...Chega de tatuagem!!!!
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