Entendido

Me esquece.
Foi isso o que eu falei para ele, desejando desesperadamente que ele não esquecesse de verdade.
Quase que pedindo para ele se lembrar, eu escrevi no meu celular e enviei: me esquece.
Eu sei que isso não se faz, eu sei que deveria ter sido mais honesta, eu sei que agora, talvez, fiquemos longos dias sem nos falar. Eu sei de um monte de coisas, sou metida a sabida, sempre fui. Só que agora eu não sei o que vai acontecer.
Eu faço um monte de cagada, ele também e a gente sempre vai levando sem esse tipo de ameaça infantil: me esquece.
Mas eu quis provocar mais desta vez. Eu não tenho limites. Eu enfrento o orgulho dele, que é como um leão, enfrento a saudade dele, a raiva dele, mas agora eu não sei se enfrento o silêncio que vem depois do me esquece.
Porque não tive resposta.
Ele deve ter entendido bem, é claro! Não há muito o que não entender ou interpretar em uma frase tão fácil: me esquece.
Eu é que invento significados, gramáticas ocultas, invento regras imbecis que ele não conhece.
E agora que ele deve ter me esquecido, eu espero não ser para sempre e fico torcendo baixinho: me lembra!