quinta-feira, 19 de maio de 2011

Só para constar

Tenho escrito pouco.
Poderia me justificar dizendo que estou sem tempo. Mas eu não sou adulta o suficiente para estar sem tempo. Eu tenho tempo e o gasto todinho em frente à TV, ao computador ou à mesa de bar. Alternadamente. E aí sim, fico sem tempo.

Eu tenho escrito pouco e não só isso. Tenho lido menos. Tenho ido ao cinema, teatro e museu ainda mais raramente. Eu faço parte daquela pesquisa escrota que vi na TV outro dia (porque TV eu assisto, lembra?): o brasileiro é aculturado. Viva!

Mas me incomoda escrever pouco.
Antes dos teclados, eu já bordava linhas e linhas em diários infantis, contando as histórias mais pueris. Abandonei o papel, migrei para cá e, desde então, nunca fui tão ausente.

Eu poderia dizer que o amor não traz inspiração e por isso não tenho escrito.
Mas isso seria tão hipócrita e tão imbecil, que eu não teria coragem. Porque o amor não é cor-de-rosa. Nem para mim, nem para ninguém – bora, vamos assumir logo isso!
Não é sonho, não é aliança nos dedos de cândidas garotas que andam tão bem aprumadas – bolsas de marca, celular touchscreen, risadas contidas.
O amor é longe de ser isso. É, ao contrário, sujo, imundo. Injusto, difícil, forte. É carnal, pecado, choro e gozo. E isso inspira, vai dizer que não?
Mas, mesmo assim, eu não escrevo.

E eu continuo achando graça nas aleatoriedades, observando cada um, escrevendo mil histórias na minha cabeça, mas não coloco no Word.
Tenho estado tão desinteressante e comum que nada disso vira assunto.

Mas passa...
E a ausência de tema não mais será tema para minhas palavras.

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