Eu procuro pensar duas vezes antes de tomar, porque não sou fresca com dor. Posso ter das frescuras, as maiores. Posso ser insuportável, patricinha, cri-cri. Mas fresca para dor, não sou.
Então, antes de dosar qualquer substância amarelo-azedo que venha me prometer alívio imediato, eu doso o que é dor de verdade. Vão-se as cólicas, as dores de cabeça e as de coluna com o tempo, não com remédio.
Só que tem dor que não passa com o tempo. E de tanto que dói, dia após dia, tira a luz e o ar, vira doença. Então eu me rendo às fortes decisões – às náuseas, taquicardias e frios no estômago que o ato de remediar uma dor pode trazer.
Porque eu não suporto estar doente. Não suporto sofrimentos infinitos e freqüentes que por algum motivo eu me propus a agüentar. Não suporto o “estar triste” tão contínuo a ponto de poder ser substituído por “ser triste”. Além disso, com os efeitos colaterais que o remédio pode trazer, eu me viro. Já disse que sou forte com dores. É de doença que tenho pavor. De crises, de viroses, de cismas, neuroses, qualquer tipo.
Eu preciso estar bem.
Nem que eu tenha que abaixar a cabeça e todas as minhas convicções que parecem certíssimas, mas não são nada além de achismos. Nem que eu tenha que abandonar o ideal de esperar o tempo curar para recorrer a pílulas, términos, cápsulas, fins. Qualquer tratamento passa a ser melhor que o sofrimento. Porque eu... Eu preciso estar bem.
Encaro as gastrites, os medos, a solidão, o gosto ruim que dá na boca. Encaro o que for para me curar. De uma vez só, quanto mais forte melhor, para acabar de vez, isso, acabar, vai embora, não quero, fecha a porta, sai. Porque se tem que tratar, eu sou de doses únicas, para não ter perigo de recaídas. Nunca fui de doses homeopáticas.
3 comentários:
vc escreve tanta merda meu bem
Obrigada!
Que isso!!!!!! amiga adoro os seus textos!!! Me orgulho de ter uma amiga escritora como vc. bjos e saudades
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