segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Nada disso

Não é o mundo depois do Natal que está escuro. Com uma chuva pesada, mascarando o dia de noite.

Não é a segunda-feira eterna que me abraça e me força a fazer coisas que não quero. Não são as dores estomacais fortíssimas que denunciam a quase balzaquiana aqui, que as sente.
Não é a falta de assunto, a falta de significado e a falta de imaginação que existe hoje em todo o lugar, entre todas as pessoas. Deixando espaço apenas para frases desperdiçadas: como foi de Natal?
Não é o cansaço de tudo isso, de novo e para sempre.
Não é a percepção de que mais uma ruga formou-se no rosto e outro fio branco apareceu meio aos que ainda teimam em ser negros.
Também não são as outras coisas, as mais banais: o sono, a fome, a unha encravada, o vestido de réveillon que ainda não comprei, a fila do banco, o frio fora de época.
Não. Não são os deuses que tentam o cérebro e apresentam uma forma mais fácil de viver. Mentindo que tudo é melhor do que parece.
Não é o vazio da cidade nessa época natal-ano-novo. Não é o tédio que preenche o vazio, a lágrima que ocupa o coração, a dor que alivia a solidão.
Não é nada disso que me faz assim.

É a música que não tocou até o fim. Só isso.

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