Eu resolvi arrumar a bagunça da minha mesa de trabalho, gavetas e e-mails. Por todas as coisas que passei, nenhuma me falou algo diferente do que eu já sabia.
A quantidade de palavras encharcadas que escrevi nos últimos dois anos curava a seca do nordeste. Reli pedidos de ajuda a amigas, frases sofridas, dúvidas infinitas. Joguei tudo fora e guardei algumas, para não esquecer.
Passeei por uns vinte pedidos de desculpa e uns duzentos textos de culpa. Muita culpa.
O calendário também me disse muita coisa. O almoço marcado lá em abril que nunca aconteceu. A comemoração dos 3, ou dos 10, ou dos 17 meses de namoro que deram errado. Os corações feitos a lápis que já estão se apagando.
Até os post-its entraram na onda. Encontrei quadradinhos amarelos que diziam “eu te amo”, em resposta a fases ruins.
Tem lágrima por toda a parte e em cada pedaço de mim.
Só que por alguma razão eu permaneço. Eu, enfim, inauguro a coragem em permanecer.
Alguma coisa nele não me deixa ir. E isso é tão estranho para uma ariana que sempre foi dona de si.
Rodeada de lembranças frias, eu tento encontrar o calor... Porque o verão dele é tão bom. E o verão está chegando, afinal.
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