sábado, 21 de junho de 2008

Calma! Deve ser TPM.

Acordei às oito da manhã e, com a camisola presa na calcinha, fui até o banheiro fazer xixi. Não acendo a luz para trapacear o espelho que algum arquiteto sacana colocou em frente à minha privada. Ainda assim vejo meus cabelos embaraçados e as olheiras pretas que vão até o nariz. Penso que preciso dormir mais, mas, ao mesmo tempo, fico com uma imensa vontade de levantar dali, subir no sofá e tocar guitarra. E eu nem sei tocar isso.

Fico sem vontade para toda a realidade porcaria que me envolve e me incomoda demais. Penso nos rodamoinhos que a gente se enfia e nunca mais sai. Rodo, rodo, rodo no chão da minha sala. Quase caio e derrubo uma penca de porta-retratos que portam um monte de sorrisos mentirosos. – Cuidado para não acordar quem ainda tem a sorte de dormir, porra!
Me empanturro de pão doce e ajudo a maçaroca a descer goela abaixo, através de fartos goles de mate – eu não bebo café.
Queria dizer tudo o que eu penso. Em chinês, para respeitar alguns que seriam desrespeitados. Mas também não sei falar isso.

Enjoei de tudo. De dormir e acordar, das cores do meu quarto, do meu sorriso, de sol, de chão, de tudo. Como muda? Não muda. Vou ler uma história bonita com final feliz. Vou pintar o teto de giz de cera lilás. Vou berrar e assustar as garças da Lagoa Rodrigo de Freitas. Não. Melhor ler o jornal. De cabeça para baixo, talvez. Sem deixar as letras escaparem, porque depois não tem como encontrá-las.
Não seja tão triste. Não seja tão feliz. Não use cabelos curtos, nem fale palavrões em público. Sente de pernas cruzadas, seja uma boa menina, não dê de primeira, não dê de segunda. Se puder, não dê nunca. Fale baixo. Fale pouco. Use batom, entre na moda, seja da galera, tire boas notas e não mande tudo para o caralho. Você não pode saber fazer isso.

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei seu post!!!!

Mto interessante o modo como vê e interpreta o q esta a sua volta!

Bjos!!