Bom dia...

Não bastasse ser ainda quarta-feira, cai um temporal desde que o dia amanheceu. Dia com chuva só é bom num domingo, a quatro braços, em cima de um sofá, embaixo de um cobertor. Se não for exatamente assim, não é bom.

Fica pior quando sua cidade não se previne com bueiros. Ou pelo menos, com bueiros eficazes. O temporal cai em cinco minutos e continua pelas ruas durante os seguintes cinco dias, até que se escoe por completo.

Pior ainda fica quando há de se acordar cedo. A cama no escuro, quentinha fala “fica!”, mas é preciso fazer a difícil missão de ignorá-la e encarar o dia molhado lá fora.
Chuva é ruim e ainda fica pior com o vento e com a irritação plena no trânsito, resultando em sinfônicas buzinas, gritos, bandalhas e atrasos que dividem espaço com as pesadas gotas na atmosfera da cidade.

Fica pior quando se acorda cedo e dorme-se tarde, no caso daqueles que só chegarão em casa vinte horas depois de baterem a porta de saída da cozinha, pela manhã.

Pior ainda para os que não têm carro, para os que são baixos e então, brigam com seus guardas-chuva, quase com a mesma altura, dentro dos ônibus.

Chuva é ainda pior quando o táxi escolhido ultrapassa os carros, fura os sinais, anda super-rápido, mas encalha-se na poça d’água à frente, por onde ninguém passava, e ele julgou-se esperto o suficiente para passar. Não passou.

Horrível quando então os cabelos não colaboram e decidem refletir o caos da cidade em cima da cabeça: nós embaraçados e formas indefiníveis, provocando espanto em quem olha.

Chuva é ruim e fica péssima quando quase chegando em casa, em meio a uma luta para manter-se seco, passa um engraçado e joga a água estagnada pela rua na sua roupa, bolsa e rosto, para o grand finale do dia.

“Tá de sacanagem, né mermão??”