terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Desconstrução II

Caio nessa vida de cabeça no chão.
De novo. E quantos novos mais serão?
Abandono o calor a quatro braços
Para viver no frio da solidão
A quatro, a seis, a cem.
A cada hora um,
Revezam-se matematicamente no meu celular.
O advogado, o separado, o de mestrado.
Todos com seus desinteresses tão únicos,
Sentimentos fúteis e palavras etílicas
Em cenas tão repetitivas.
O salgado na boca do dia seguinte
Não mais apetece.
Nem os flashes, nem os flertes.
É tudo mais do mesmo
E quando o DJ toca a música certa,
Olho para cima e pergunto,
Com cílios apertados de suor, lágrima e rímel:
O que deu errado?
A fumaça embaça o teto de luzes coloridas
E eu, do alto dos meus um e sessenta, entendo: nada.
Não tem nada mais.
Queria o seu beijo de boa noite toda a noite.
Não vai passar, eu sei.
Quem passa, sou eu,
Que vou saltar de ombro para ombro
Até me esquecer dos ombros dele.
Então são vinte, cinqüenta, duzentas
Mensagens inúteis
Com um de gravata, um de Fiat prata...
Só para receber palavras que vão me distrair das palavras dele,
Que não chegam.
Mas de noite não tem invenção nenhuma
E então eu não durmo.
Eu não sonho e sinto a falta completa.

Um comentário:

Line disse...

Achei muito foda. Mas tudo tem seu lado déli!
E viva o verão na cidade maravilhosa!